Presidente da Associação Brasileira de Educação
a Distância, o americano Fredric Litto acha que o País precisa ser
ousado
27 de fevereiro de 2012
| 21h 20
Sergio Pompeu -
Estadão.edu
Na onda de protestos do movimento Occupy Wall Street, no
ano passado, uma das demandas era de que o governo americano garantisse acesso
gratuito à educação a distância. Especialistas acreditam que entramos numa era
em que o conteúdo educacional estará disponível online de graça.
Como o senhor vê esse processo?
A tendência vai ser
nessa direção. Com todo o conhecimento humano aos poucos entrando na web, a
universidade não vai poder cobrar pelo conteúdo. Veja o projeto Google
Acadêmico, eles já alcançaram mais da metade da meta de colocar 32 milhões de
títulos em domínio público na rede. A digitalização faz com que a gente tenha
de ser generoso. No passado, vivíamos numa sociedade de escassez. Poucos tinham
acesso a livros – ou a chocolate ou a especiarias. Hoje em dia podemos dar
informação de graça. Se não estiver no domínio público, vamos ter
patrocinadores, como tem patrocinador na TV aberta. Pense no benefício para o
conjunto da sociedade quando todo o conhecimento humano estiver à disposição.
Qual o papel da universidade nesse processo?
Elas
vão ter de se destacar pela orientação que dão ao aluno, pela capacidade de
facilitar a compreensão do conteúdo. E também pela certificação. A pessoa
estuda química industrial por conta própria e diz: “Quero ter um diploma.” A
universidade aplica um exame e, se o sujeito passar, ganha a certificação.
No Brasil, o governo ainda obriga as instituições a fazer
vestibular para alunos de cursos a distância. Em outros países, quem termina o
ensino médio tem esse direito. Como podemos competir nesse cenário?
Se o Brasil quer continuar
a oferecer universidade pública gratuita, por que limitar isso a quem consegue
fazer um bom ensino médio e passar no vestibular? Por que não abrir as portas
totalmente? É o que eles fazem na Europa e principalmente na Ásia, que tem
universidades abertas a distância de grande qualidade. A
Universidade Indira Gandhi, da Índia, tem 3,2 milhões de alunos! Os
asiáticos estão na frente agora. Perceberam que suas universidades de formação
da elite não estavam dando conta da produção de recursos humanos qualificados
que um país moderno precisa – coisa que o Brasil só agora está começando a
perceber. A instituição de elite continuará existindo, mas não vai formar força
de trabalho em número suficiente. Na Ásia eles têm uma mistura de universidades
de elite de alta qualidade com a sociedade da abundância de conhecimento.
Formam centenas de milhares de pessoas por ano, sem vestibular.
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