terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ENTREVISTA: 'A escola deve organizar a aprendizagem'

Mariana Mandelli - O Estado de S. Paulo
Um bom currículo escolar deve conter, de forma geral e objetiva, os direitos de aprendizagem dos estudantes, deixando a organização de todo esse processo para os professores e as escolas. É essa a concepção de currículo do especialista no assunto Barry McGaw, ex-membro da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e um dos criadores do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), prova aplicada a cada três anos que fornece dados sobre os sistemas educacionais de 65 países.
Currículo. McGaw fala em evento do Itaú Social - Christina Ruffato/Divulgação
Christina Ruffato/Divulgação
Currículo. McGaw fala em evento do Itaú Social
Hoje, McGaw se dedica à discussão do currículo australiano. De acordo com o especialista, conforme as diretrizes são implementadas, a Austrália vai precisar de programas de desenvolvimento profissional para os professores. O país também aumentou a carga horária de matemática nos anos iniciais da escolaridade, observando as boas experiências de países como Finlândia e Cingapura, e também deve colocar na grade mais conteúdos de ciências e história.
McGaw esteve no Brasil há um mês, em evento da Fundação Itaú Social, justamente no momento em que o Ministério de Educação (MEC) discute a implementação de uma base curricular comum no País. Abaixo, leia trechos da entrevista que ele deu ao Estado.
Estado: Que benefícios a criação do Pisa trouxe à educação, numa perspectiva global?
Barry McGaw: Ele nos deu uma discussão muito mais informada dos sistemas de educação nacionais, bem como das comparações entre os países. A evidência que ele nos deu de que alguns países alcançaram altos níveis de qualidade e de equidade simultaneamente tem sido muito influente na discussão da reforma educacional da Austrália.
Estado: Em que pontos o Pisa precisa melhorar?
Barry McGaw: O Pisa está adicionando novos domínios. Nós testamos a resolução de problemas na segunda edição da prova, em 2003. A colaboração na resolução deles está sendo considerada para o Pisa 2015.
Estado: Quais são os pontos fortes e os fracos do teste?
Barry McGaw: Os testes do Pisa avaliam a capacidade de os estudantes usarem o que aprenderam, e não simplesmente se eles aprenderam alguma coisa. Essa é a grande força da avaliação. Seria bom se tivéssemos mais perguntas abertas e menos questões de múltipla escolha. Os funcionários técnicos geralmente querem isso também, mas os funcionários responsáveis pelo orçamento querem mais itens de múltipla escolha, porque que isso mantém baixos os custos da prova. No final, o Pisa acaba sendo um equilíbrio saudável dessas duas considerações.
Estado: É possível incluir outros países na avaliação?
Barry McGaw: O Pisa começou como um programa para os então 29 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mas, mesmo na primeira edição do Pisa, em 2000, havia países de fora da OCDE, além de um grupo que utilizou os testes mais ou menos um ano mais tarde, o que chamamos Pisa Plus. Portanto, havia 42 países na primeira edição da avaliação se incluirmos o Pisa Plus. No Pisa 2009, acho que foram 57. Não sei quantos deverão ser incluídos no Pisa 2012.
Estado: O Brasil foi um dos países com o maior avanço no ranking do último Pisa. No entanto, continuamos nas últimas posições. Como resolver isso?
Barry McGaw: Eu acho que a melhoria do Brasil é muito encorajadora. Não é apenas rankings que você deve olhar. Você deve observar como seus alunos melhoram nas habilidades que as escalas do exame medem. Se os outros países também melhorarem, sua posição no ranking pode não mudar muito, mas você ainda estaria melhorando.
Estado: Avaliações nos dão um bom diagnóstico dos sistemas educacionais, mas nem sempre revelam a realidade de dentro da escola - especialmente em países com graves desigualdades sociais, como é o caso no Brasil. É justo comparar escolas em condições tão diferentes? Os resultados dos testes - como o Pisa - não escondem essas disparidades? Como lidar com isso?
Barry McGaw: Há maneiras de fazer comparações justas entre as escolas. Na Austrália, no site My School, comparamos as escolas diretamente, mas apenas com outras escolas que tenham alunos semelhantes. Existem diferenças marcantes entre as escolas quando elas são comparadas dessa forma, e as escolas com os desempenhos mais baixos não podem dizer que esse é o resultado dos alunos com os quais elas lidam, porque os outros colégios da comparação têm alunos semelhantes. Também publicamos os fundos que cada escola tem para gastar com os alunos. Divulgamos essa informação pela primeira vez neste ano e ela está proporcionando um embasamento melhor para a discussão sobre os níveis de recursos financeiros para as escolas do governo.
Estado: Quais os países que o sr. destacaria como referência educacional?
Barry McGaw: A Finlândia é um nação em que muitas pessoas estão interessadas, mas é difícil vê-la como um modelo específico para o Brasil. Ela é pequena. Tem um corpo docente muito bem visto e muito qualificado. É, por exemplo, mais difícil de entrar num curso de formação de professores que no curso de Medicina na Finlândia. Já o rápido desenvolvimento dos países da Ásia oriental valeria a pena considerar. Cerca de quatro décadas atrás, eles tinham níveis de desenvolvimento semelhantes aos dos países da América do Sul, mas eles evoluíram muito rapidamente. Um dos fatores que levou a isso foi o grande valor que as populações dessas nações dão à educação. Em casos como o de Cingapura e, em certa medida, o da Coreia do Sul, isso ocorreu porque eles reconheceram que seu povo era o seu melhor recurso. Ao contrário da Austrália, eles não têm grandes quantidades de minerais que poderiam cavar e vender não transformados.
Estado: Quais as melhores e as piores características desses sistemas?
Barry McGaw: O ponto positivo é o alto valor que eles dão à educação, mas isso pode levar a uma pressão desproporcional sobre as crianças, por meio de um sistema altamente competitivo, com muitas delas passando horas excessivas fora da escola em aulas adicionais. A Finlândia se destaca pelo fato de que seus estudantes passam menos tempo na escola, não ingressam antes dos 7 anos e não gastam tantas horas na escola a cada ano. E os sistema finlandês vai muito bem assim. É claramente muito eficiente na realização dos seus ótimos resultados.
Estado: O que o sr. pensa de sistemas competitivos como o da Coreia do Sul?
Barry McGaw: Acho que o sistema coloca muita pressão sobre os alunos. Uma vez perguntei, em uma conferência na Correia do Sul, se eles achavam que eles estavam negando a infância a seus filhos. Uma boa parte dos participantes sul-coreanos tinha as mesmas preocupações.
Estado: O que é um bom currículo?
Barry McGaw: Aquele que estabelece claramente o que os alunos têm direito a aprender, mas que não é demasiado prescritivo sobre como a aprendizagem dos alunos deve ser organizada. Isso deve ser deixado para os professores e as escolas, a menos que não estejam suficientemente bem preparados para isso.
Estado: Na sua opinião, como o currículo deve ser construído?
Barry McGaw: O processo exige equipes de especialistas, mas exigem também amplas consultas sobre as primeiras versões do currículo.
Estado: O sr. é a favor de que os países tenham currículo único?
Barry McGaw: Isso depende do quão grande e diversificado é o país. Mas sou a favor de um currículo único para a Austrália, que tem apenas 23 milhões de pessoas. Na década de 1970, tivemos um movimento baseado nas escolas para permitir a variação no currículo, para refletir características locais. Um dos resultados foi que, para as crianças que residiam em regiões onde a classe trabalhadora morava, foi oferecido, por professores de classe média, um currículo menos exigente. Eles achavam que isso era bom para aquelas crianças - mas certamente não para seus filhos, que estavam seguros em escolas de classe média, com altas expectativas de aprendizagem.
Estado: Com um currículo único, como fica a autonomia da escola?
Barry McGaw: A maneira de dar às escolas autonomia é desenvolver um currículo que estabeleça "direitos de aprendizagem" para os estudantes (conhecimentos, compreensão e habilidades que todos devem ter a oportunidade de desenvolver), mas sem especificar como a aprendizagem deles deve ser organizada.
Estado: Quais são os principais fatores por trás de um bom sistema educativo?
Barry McGaw: A qualidade da aprendizagem dos alunos é o critério mais óbvio. Equidade é outra. Não podemos esperar - nem devemos desejar - que todos os alunos sejam iguais. O que podemos fazer é reduzir o impacto das diferenças das origens sociais dos alunos nas diferenças da qualidade da aprendizagem deles. No Pisa, temos visto alguns países - com Finlândia e Coreia - fazerem isso e obterem médias altas.
Fonte: jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, Educação

Mais opções na formação de professores

Por raquel_
Por Luciano Máximo | De São Paulo
É cada vez maior a opção por licenciaturas a distância pelos universitários que serão os futuros professores da educação básica brasileira. Enquanto a taxa média de variação do número de concluintes na modalidade presencial foi negativa em 3,6% nos últimos cinco anos, com 161,3 mil titulados em 2010, o ritmo de crescimento da formação nos cursos online supera média anual de 60% no período. Em 2005, apenas 11 mil pessoas concluíram licenciaturas a distância. Em 2010, foram quase 72 mil.

Atualmente, os alunos e concluintes das licenciaturas a distância representam 30% do total das graduações de formação docente. Há cinco anos, esse quadro variava entre 5% e 8%. Considerando as mais de 6 milhões de matrículas de todo o ensino superior brasileiro, a fatia da modalidade de educação não presencial é de 15%. Se o comportamento das matrículas e conclusões do ensino superior a distância mantiver esse avanço nos próximos anos, em 2015 o Brasil terá mais professores diplomados em licenciaturas online do que nos tradicionais cursos presenciais.


Ou seja, a maior parte das futuras safras de professores responsáveis pelo ensino das crianças e jovens carregará uma formação completamente nova e, ao mesmo tempo, controversa. Está em curso intenso debate sobre a acelerada expansão da formação a distância. Para críticos, na comparação com a graduação tradicional, o modo distância é menos eficaz em termos pedagógicos, ainda tem frágeis mecanismos de avaliação e regulação por parte do Ministério da Educação (MEC), e os acadêmicos envolvidos na preparação dos programas carecem de qualificação.
"Quem trabalha com formação está muito preocupado com esse boom, porque não temos dados claros sobre qualidade. Há um debate muito forte na área exigindo compromisso do MEC para que seja repensada a política de expansão desenfreada. Detectamos problemas nos estágios, de adequação curricular e de avaliação", comenta a professora Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas (FCC).
Para a pesquisadora, especializada em formação docente, maior acesso a livros e outros materiais didáticos e maior interação entre estudantes e professores são vantagens do ensino presencial. "Ninguém é contra o ensino a distância. Acontece que há um grande arsenal de conteúdo e tecnologia, mas que não é usado. Por exemplo: as instituições não dispõem de equipes suficientemente adequadas para o desenvolvimento dos cursos."
Por se tratar de programas essencialmente teóricos, Fredric Michael Litto, presidente da Associação de Educação a Distância (Abed), explica que as licenciaturas se adaptam muito bem à modalidade não presencial. "Também há recursos semi-presenciais e as tutorias para a parte prática. Um curso remoto atrai o aluno, pois é conveniente. Na internet o aluno é exigido a estudar sempre, no fim de semana, no feriado", diz Litto. Ele argumenta que as críticas sobre a qualidade são "generalizações sem evidência". "Inverto a pergunta: 'Como está a qualidade no presencial?' A grande demanda da educação a distância veio tapar o buraco dos cursos tradicionais."
Para João Valdir Alves de Souza, professor de sociologia da educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a explosão das licenciaturas a distância também está ligada a fatores socioeconômicos. "Atendem a um público que não é atendido por cursos presenciais em suas cidades. Ao mesmo tempo, as licenciaturas são os cursos mais baratos, portanto, os mais acessíveis para uma grande parcela da população. Avança no sentido de suprir quantitativamente a demanda por formação de professores, mas ainda está longe de supri-la do ponto de vista de qualidade", argumenta Alves de Souza, reiterando que problemas de qualidade não são exclusivos do ensino a distância. "Escolas que se consolidaram bem na oferta presencial tendem a oferecer ensino a distância de boa qualidade e vice-versa."
Formada em artes, a designer de joias Fernanda Cerqueira Leite trabalhou por 18 anos como professora de educação infantil e auxiliar pedagógica. Em 2006, decidiu se matricular num curso de pedagogia a distância para complementar sua formação. "Não tinha outra opção. Com filho pequeno e morando longe do trabalho era inviável ir para a faculdade todo dia."
Ela conta que o programa é puxado e exige muita disciplina. "Se perder o prazo das atividades e não entregar os trabalhos não dá para tirar nota. É tudo muito rápido e isso é um ponto negativo, porque falta interação, tempo para se aprofundar em determinados temas. Na faculdade comum a turma de pedagogia fica um ou dois bimestres estudando didática. Nesse caso, o currículo do curso a distância deixou a desejar", reclama Fernanda, que também cita o preconceito do mercado em relação a um profissional diplomado a distância. "Dão a vaga para o professor que estudou na USP, no presencial."
O secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, diz que a forte procura pelas licenciaturas a distância, principalmente a partir de 2005, é explicada pelo esforço feito para formar professores que atuavam na educação básica sem diploma. "Portanto, estamos falando de um crescimento natural. Mas trabalhamos com a meta de que o profissional formado a distância ou presencialmente tenham as mesmas habilidades. O mesmo vale para a avaliação dos alunos e a nossa supervisão."

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Livro: Inovação e interdisciplinaridade na Universidade

Este livro foi organizado pela PUCRS em parceria com Universidades nacionais e internacionais, como fruto do Seminário Internacional do Ensino Superior.

"A interdisciplinaridade é hoje uma realidade e um desafio que caracteriza uma nova abordagem científica, cultural e epistemológica. Ela facilita uma compreensão mais avançada do sempre crescente progresso científico e tecnológico. Ainda que difícil de definir, é possível indicar alguns atributos que permitem uma compreensão do termo em questão, como integração, flexibilidade, multi-dimensionalidade, ampliação das áreas do saber e apro-ximação dos problemas do conhecimento e da pesquisa desde diferentes perspectivas. Os conceitos de desen-volvimento sustentável, aquecimento global e bioética são exemplos, entre outros muitos, que facilitam o escla-reciment o e a confirmação desse pressuposto."

O mesmo pode ser acessado gratuitamente no site da EDIPUCRS.

Participe do Currículo Mínimo 2012 - Consulta Virtual



PARTICIPE DA  CONSULTA  PÚBLICA VIRTUAL
SOBRE OS CURRÍCULOS MÍNIMOS DE 2012

A secretaria de Estado de Educação está realizando a consulta virtual sobre os Currículos Mínimos que serão implementados no decorrer do ano letivo de 2012. Contamos com a participação dos professores da rede das disciplinas da base nacional comum na execução deste processo.
De 15 a 31 de dezembro estarão disponíveis todos as propostas de Currículos Mínimos para 2012, nos quais os professores poderão registrar as suas críticas, sugestões e elogios de acordo com cada ano/série. Os professores podem deixar as suas contribuições pelo link: http://projetoseeduc.cecierj.edu.br/principal/?page_id=86.
Após a consulta virtual, realizaremos audiências públicas presenciais para discutir a proposta final obtida a partir das consultas. Para cada disciplina serão realizadas duas audiências. Esses encontros ocorrerão de 10 a 13 de janeiro de 2012, em dois horários distintos: 8 às 12h ou 13h às 17h. Todos os encontros serão realizados no Centro de Convenções Sul América, Avenida Paulo de Frontin, 1- Cidade Nova - Rio de Janeiro - RJ (próximo à Prefeitura do Rio de Janeiro)

Segue o calendário das audiências públicas presenciais:

10/ 01/ 11
8h às 12h
Língua Portuguesa
História
Sociologia
13h às 17h
Matemática
Geografia
Filosofia

11/ 01/ 11
8h às 12h
Matemática
Geografia
Filosofia
13h às 17h
Língua Portuguesa
História,
Sociologia

12/ 01/ 11
8h às 12h
Línguas Estrangeiras
Química
Biologia
Educação Física
13h às 17h
Física
Ciências
Artes


13/ 01/ 11
8h às 12h
Física
Ciências
Artes

13h às 17h
Línguas Estrangeiras
Química
Biologia
Educação Física

Neste sentido, convidamos TODOS OS PROFESSORES DO ENSINO REGULAR das disciplinas mencionadas acima a participarem deste encontro.
Aqueles que desejarem participar  da consulta presencial deverão realizar a sua inscrição pelo linkhttp://projetoseeduc.cecierj.edu.br/principal/?page_id=86 .
Em caso de dúvida, entre em contato pelo e-mail: curriculominimo@educacao.rj.gov.br.
Atenciosamente, 
Diretoria de Articulação Curricular
Secretaria de Estado de Educação

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Enciclopédia Britannica tem versão online


O Projeto Escola Online é uma iniciativa da enciclópédia Britannica em ofertar conteúdo online. 
O portal atende as necessidades escolares de crianças de 5 a 11 anos de idade, e inclui artigos enciclopédicos, dicionário, atlas mundial, atividades interativas, área de pesquisa e notícias. Também fornece ferramentas de estudo para ajudar os alunos com suas pesquisas e trabalhos de casa.
Para aprender como acessar o conteúdo, visite este material: Como usar...