sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Semana da Educação 2010

Os maiores e mais respeitados especialistas da Educação reunidos para a reflexão e o incentivo à melhoria da Educação no Brasil. As discussões com especialistas, educadores e demais responsáveis pelo processo educacional girarão em torno de temas como a leitura, a escrita, o ensino de matemática e a gestão escolar.

O evento é uma realização da Fundação Victor Civita com o apoio institucional do Sesc Vila Mariana e tem como patrocinadores Editora Saraiva, Editora Ática e Editora Scipione.
Programação:
- PESQUISA O PERFIL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
- ENSINAR A LER: ENTRE TEORIA E PRÁTICA
- NARRAR POR ESCRITO DO PONTO DE VISTA DE UM PERSONAGEM
- REFLEXÕES PARA MELHORAR O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
- NÚMEROS RACIONAIS: ERROS DOS ALUNOS E ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES    

Maiores informações: http://revistaescola.abril.com.br/semanadaeducacao/index.shtml

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Escolas gaúchas começam a substituir lousas tradicionais por digitais

O X da Educação  |  31/08/2010
Interatividade do novo quadro-negro é um dos diferenciais para atrais alunos

Gustavo Azevedo  |  gustavo.azevedo@zerohora.com.br

Preto, branco, azul ou verde. Não importa a cor que tenha, o fim dele está próximo. Base do ensino desde o século 19, o tradicional quadro retangular no qual professores escrevem com giz ou caneta poderá se tornar peça de museu.

A substituição pelas lousas digitais ou interativas – equipamentos que agregam internet, vídeos, animações, jogos e outros aplicativos concentrados numa só placa – começou a se tornar realidade nas escolas gaúchas.

O colégio Kennedy, na Capital, é um dos pioneiros a apostar na novidade. Instalou no início deste ano as novas ferramentas nas suas 16 salas de aula, fazendo com que os 1,2 mil alunos e os 48 professores passassem a abandonar, gradativamente, o antigo e sempre empoeirado quadro-negro.

– A extinção do antigo quadro vai ocorrer, mas ele ainda é utilizado. Assim como o caderno e o lápis – afirma a supervisora geral do colégio, Raquel Mallmann.

A mudança é radical, especialmente para os educadores. Perto das lousas interativas, as aulas com giz parecem pertencer a um passado distante. A partir de um programa disponível na internet, os professores montam as aulas agregando vídeos, imagens, exercícios, mapas e links. Numa aula de ciências, por exemplo, os alunos não dependem mais do talento artístico do professor para conhecer as formas de uma célula humana. O desenho aparece na tela em 3D. As telas têm sistema touch screen, possibilitando o professor e os alunos interagirem, escrevendo, desenhando ou jogando com um simples toque de dedo. Além disso, todo o conteúdo escrito pelo professor pode ser enviado por e-mail.

– Eles prestam muito mais atenção agora. Não é mais uma agitação porque não aguentam mais a aula, mas uma agitação pelo conhecimento. Uma agitação pedagógica – afirma a professora Letícia Missel de Souza, que ainda passa por treinamento.

Para os alunos, a gana pelo saber parece ter sido aguçada ao extremo. No Colégio Kennedy, insistem em participar das aulas.

– É muito mais legal. A gente pode escrever ou jogar na tela – disse o aluno do 1º ano do Ensino Fundamental Gabriel Cardoso de Castro, 7 anos.

A lousa interativa é utilizada como diferencial para atrair alunos. A escola Sagrado Coração de Jesus, em Ijuí, estampa no seu site a novidade.
Passado e futuro
SALA DE AULA
- O modelo padrão, calcado no quadro negro, alunos em fila e professor à frente, está aos poucos sendo substituído por uma sala de aula criativa, com classes coloridas e dispostas em círculos, paredes revestidas que possam ser riscadas e as lousas digitais, que transformam o ambiente e incentivam a participação do aluno
PROFESSORES
- Baseada na ordem e na disciplina, a figura do professor à frente da sala de aula falando sozinho ou escrevendo no quadro tende a ser um cenário do passado. Essa nova geração de alunos precisa se sentir estimulada e envolvida. Os educadores se transformaram em mediadores, repassando conhecimentos e aprendendo com os próprios estudantes
APRENDIZAGEM
- Conforme especialistas, escolas e professores devem aprender a lidar com as novidades e tecnologias. A simples proibição pode não ser o melhor caminho. Com uma geração altamente conectada, ansiosa e inquieta, o papel do professor é ajudar a selecionar o que é mais relevante para a formação dos alunos
Fonte: ZERO HORA

domingo, 12 de setembro de 2010

Olha, mamãe, sem as mãos


Por Moacir Scliar

A primeira pessoa a quem o garoto, ou a garota, quer mostrar seu sucesso na bicicleta é justamente a mãe

Esses dias, o ator Francisco Cuoco, da Globo, levou um tombo de bicicleta. Nada grave, ele teve só escoriações, mas seu orgulho provavelmente ficou abalado. Ciclista que se preza não cai da bicicleta nem se acidenta; este é um veículo que, mesmo tendo só duas rodas, a gente consegue controlar, e existe até quem faça nele arrojadas acrobacias.

Bicicleta era o sonho maior de minha geração; na verdade, um símbolo de independência. Andar pela Redenção em alta velocidade, por exemplo, era um deslumbramento. Maior ainda quando a gente andava sem as mãos.

Andar de bicicleta sem as mãos. Isso eu nunca consegui, mas sempre tentei. Porque era o máximo na carreira do ciclista, a consagração. Exigia uma técnica especial: tratava-se de controlar o rumo do veículo, usando para isso, e de maneira muito hábil, os movimentos do corpo. Não é fácil, e envolve riscos, como o ilustra a historinha que encontrei num blog português: “Um miúdo que acaba de receber uma bicicleta de presente, não para de fazer habilidades à frente da mãe: – Mamã! Mamã, olha, sem as mãos!... – Mamã! Mamã, olha, agora, sem os pés e sem as mãos!... Passado um bocado: – Mamã, olha, sem os dentes!”

Desfecho meio sádico, mas notem outro detalhe, expresso na frase: “Mamã, olha, sem as mãos”. Frase extremamente comum, aliás: se vocês entrarem no Google encontrarão mais de 800 mil referências a respeito. Porque realmente é uma situação típica: a primeira pessoa a quem o garoto, ou a garota, quer mostrar o seu sucesso na bicicleta é justamente a mãe. E isso equivale àquilo que os antropólogos denominam de “rito de passagem”.

Andar de bicicleta sem as mãos significa deixar a infância para trás, mostrar que, ao menos no selim, temos controle de nossa vida; sabemos para onde vamos e podemos chegar ao nosso objetivo com a maior desenvoltura.

Uma cena que depois vai se repetir de várias maneiras. Na formatura da Faculdade: “Olha, mamãe, sem as mãos”. No dia de mudar para o apartamento no qual vai se viver sozinho: “Olha, mamãe, sem as mãos”. No casamento: “Olha, mamãe, sem as mãos”. No nascimento do primeiro filho: “Olha, mamãe, sem as mãos”.

Lá pelas tantas a frase some de nossas vidas. Em primeiro lugar porque a bicicleta já não é o nosso meio de transporte, e sim o automóvel, e este não dá para dirigir sem as mãos. Num antigo filme o frustrado e amargurado Kirk Douglas está dirigindo seu carro num túnel quando de repente ocorre-lhe exatamente isso, dirigir sem as mãos.

Larga o volante e está ali, deliciado, com a façanha, quando o motorista de um caminhão que trafega ao lado percebe o que está acontecendo e faz-lhe sinais desesperados para que não corra esse risco. Num impulso raivoso Kirk Douglas pega a direção, e vira-a violentamente, jogando seu carro contra o caminhão. Uma história que, portanto, termina mal.

Há outras melancólicas possibilidades. Muitas vezes a nossa mãe já não está entre nós. Já não a temos como referencial, como fonte de aplausos. Uma carência talvez sentida pelo personagem vivido por Kirk Douglas e capaz de explicar o seu tresloucado gesto.

A vida, contudo, às vezes é melhor que certos sombrios filmes. Sempre podemos, em imaginação, voltar a usar as nossas bicicletas. Sempre podemos retornar aos trajetos de nossa infância. Pedalando sem as mãos.
 
Fonte: Zero Hora - 12/09/2010