sexta-feira, 11 de junho de 2010

Roupa interativa reproduz memórias de "ser ausente"

Publicada esta semana no site Inovação Tecnológica, notícia sobre uma roupa que poderia/poderá reproduzir memórias de "ser ausente" através de upload de informações. Esta é a visão de futurólogos, que vêem como natural a transferência de memórias de determinado ser humano para robô, sendo visto como um "passo natural" rumo à eternidade, criando um "você artificial".
A partir desta idéia, duas cientistas, Barbara Layne e Janis Jefferies, resolveram unir arte e ciência criando, a partir de tecnologia já disponível, uma roupa que reproduz memórias de um ser ausente. 
Batizado de Wearable Absence (ausência de vestir, em tradução livre) o sistema combina biossensores, adaptadores, sistemas de conexão sem fios e cabos flexíveis, tudo embutido em uma jaqueta.
Segundo as pesquisadoras, "o protótipo de roupa inteligente incorpora tecnologias sem fio e biossensores para ativar um rico banco de dados de imagens e sons, criando uma narrativa, ou uma sequência de mensagens, criadas pela 'pessoa ausente'."
"Uma matriz de LEDs flexíveis, instalada nos braços, pode reproduzir pequenas mensagens, fotos ou mesmo vídeos.
A "narrativa" que o usuário da roupa vai receber pode ser programada intencionalmente para reproduzir um determinado estado emotivo.
Por exemplo, se o usuário da roupa estiver passando por um certo estado emocional, como estresse, tristeza ou desespero, os biossensores e os atuadores podem transmitir-lhe uma série de mensagens - tais como fotos, textos e gravações - para proporcionar calma e conforto."
Ao ler tal reportagem, uma inquietação me saltou aos olhos... Será que esta intenção de proporcionar bem-estar não estaria, aos poucos, levando para uma possível extinção de novas relações entre as pessoas.
Se, ao perder um ente querido, eu posso simplesmente contar com suas memórias para me sentir melhor, não há necessidade de superar esta perda uma vez que uma situação ilusória é criada para substituí-la.
Por um lado, vejo como positiva tal iniciativa de reproduzir memórias de "ser ausente", desde que isso não interfira nas relações com o mundo que permanece vivo. Por outro, acho perigosa a relação de substituir a necessidade de contato (que não deve ser a intenção das cientistas, mas que pode ser facilmente interpretada desta forma) tão necessária e insubstituível para qualquer ser humano.
Na minha opinião... Nada substitui o toque e o alento transmimtido pela energia do contato.
Seguimos pensando...

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