quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sentir o coração das coisas... Um olhar sobre a Educação a Distância

Mas... O que “sentir” pode ter a ver com Educação a Distância?

Numa perspectiva histórica, as mudanças sociais dos últimos anos determinaram o aparecimento de um novo período em que as tecnologias redefinem os espaços de aprendizagem e possibilitam o desenvolvimento de novas áreas de conhecimento de base interdisciplinar, para melhor atender as necessidades da sociedade moderna.
A educação a distância - educação independente de distância - oferece a possibilidade de escolha do local de estudo - em casa, no trabalho ou no campus -, porém não prescinde do hábito do estudo regular, em local próprio, que favoreça a atenção e a concentração. E é claro, sem deixar de lado, a dedicação e motivação para com os estudos, tanto por parte dos estudantes quanto dos educadores. "Aquele que educa a distância tem um compromisso ético de desenvolver um projeto humanizador, capaz de livrar da massificação, mesmo quando dirigido a grandes contingentes." (Neves, 2003)
Mas como humanizar a distância?
Para Vigotsky, a interação abrange a ação dialógica entre pessoas e da pessoa consigo mesma (argumentação metacognitiva), assim é na interação entre as pessoas que, em primeiro lugar, se constrói o conhecimento.
As interações sociais permitem pensar um ser humano em permanente transformação que, mediante as interações sociais, confere novos significados para a vida em sociedade e os acordos grupais (Martins). Assim, a interação entre pessoas com diferentes níveis de experiência é parte essencial na abordagem desta teoria. Na educação a distância não é diferente, este tipo de interação é um recurso muito importante para aprendizagem, sendo algumas vezes absolutamente essencial.
Um ambiente de educação a distância deve ser um espaço para se viver no fazer e de reflexão sobre o fazer, de modo que, professores e estudantes se tornem diferentes, resignificando, a cada ação, sua presença no ambiente.
Já dizia o Pequeno Príncipe “O essencial é invisível aos olhos, só vemos bem com o coração” (Saint-Éxupery)
“O coração consegue ver além dos fatos... discerne significações e descobre valores”.
Não seria este o fio à tecer o caminho da educação a distância de qualidade?
Será que estamos dispostos a dedicar um tempo à sentir o coração palpitar ao realizar as ações que movem e que nos movem quando o assunto é Educação?!
Nosso tempo é o da era tecnológica, da informação e da comunicação através da tecnologia. Nesta sociedade todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar, a ensinar e a aprender. Assim, precisamos saber lidar com a incerteza e a velocidade das transformações tecnológicas buscando aliá-las a valorização do ser humano como único e singular.
Com a evolução constante da tecnologia, as habilidades exigidas pela sociedade são cada vez mais complexas, sendo necessário qualificação, eficiência e a constância do aprender a aprender. Nesta perspectiva a educação torna-se, mais do que nunca, um dos pilares essenciais para o desenvolvimento das novas habilidades exigidas pela sociedade digital. Em nós educadores emerge a vontade e o engajamento em ações permanentes para que a tecnologia não seja uma forma ou meio que, ao invés de unir e aproximar, distancie e crie barreiras de “não-acesso”.
Penso que “olhar além dos fatos” pode fazer a diferença neste novo, ou melhor, diferente jeito de ensinar e aprender, pois este olhar tem a ver com a percepção do indivíduo em motivação e vontade que são elementos/sentimentos que estão em cada um de nós que podemos e desejamos fazer a diferença.

A cordialidade supõe a capacidade de sentir o palpitar do coração do outro, alegrar-se com ele e manter leve o coração”. (A força da ternura – Leonardo Boff)

Um comentário:

Rosimeire Martins Régis dos Santos disse...

Prezado(a) gostaria de contribuir com a sua reflexão com apoio em Vygotsky (1996) que o conhecimento é um produto da interação social e da cultura, ainda, complementa o autor que o sujeito é concebido como um ser eminentemente social e o conhecimento como produto social, relacionando a importância da relação e da interação com outras pessoas como origem dos processos de aprendizagem e desenvolvimento humano. Em uma aprendizagem colaborativa, a contribuição do conhecimento a partir das relações e interações sociais do indivíduo, sem dúvida, auxilia no enriquecimento da aprendizagem. Diante do avanço das tecnologias de informação e comunicação, a educação a distância estende-se no Brasil e percebo por meio da literatura da área, estudos voltados para a criação de ferramentas que permitam a interação do aluno/a - professor/a - material didático, como a criação dos ambientes virtuais de aprendizagem, possibilitando a integração de mídias, proporcionando variadas possibilidades de estudo ao aluno, atendendo às diferentes formas de aprender.
Abraços,
Rosimeire Martins Régis dos Santos.
Integrante do GETED - Grupo de estudos e pesquisas de tecnologias educacionais e EAD.